Kenard Kruel: Paulino Portela, um jogador excepcional - Filho de Antônio de Sousa Santos, piauiense, e de Maria do Socorro Fagundes dos Santos, cearense, nasci a 30 de julho de 1959, em São Luís - MA, onde o meu pai estava a trabalho, na Polícia Militar. O meu irmão Kleber Montezuma, havia nascido a 30 de junho de 1957, na mesma cidade. Onde morávamos era lugar de grandes lagoas, com jacarés, cobras e outros bichos, nossos companheiros de brincadeiras, segundo relato de minha saudosa mãe.
Logo o meu pai foi transferido para Parnaíba, com pouso no bairro chamado de Quarenta, perto do Rio Igaruçu, onde íamos buscar água, em paus com latas, para a bebida, a comida o banho e outras necessidades. Perto da nossa casa passava uma vala, que ia da Santa Casa de Misericórdia até o cais, por onde escoava a água das chuvas e a lavagem do trecho. A céu aberto, num fedor insuportável. Ao redor muitas plantações de capa bode, assim chamado porque as varetas eram enfiadas nos animais para secar ao sol, após o devido salgamento.
Muitas eram as brincadeiras: empinar papagaio (pipa), triângulo, pião, cinturão queimado, corridas de velocidade, mas nada dava mais prazer do que as peladas, em qualquer pedaço de chão. Cedo perdi o dedão do pé direito, comido pela catraca de uma bicicleta, e a seleção brasileira ficou sem poder contar com o maior craque que teria em sua escalação. Isto não impediu de eu estar presentes em todas as peladas, até mesmo porque eu admirava o meu irmão Kleber Montezuma jogar e o acompanhava nos treinos e jogadas para valer. Kleber Montezuma tinha a habilidade de chutar com os dois pés. Chutes fortes, demolidores. Driblava bem e fazia gols de primeira. Além de jogar nas peladas da Quarenta era do time oficial do Ginásio Clóvis Salgado, não só no futebol, mas no hand e no voley também. Na época, os jogos estudantis eram a sensação no Piauí todo e Parnaíba era afamada. Os times eram respeitados, até mesmo temidos pelos adversários. Nada se comparava ganhar dos teresinenses. Os ônibus lotavam para as jogadas na Capital.
Além do Kleber Montezuma, outros craques faziam a alegria dos torcedores: Carlinhos da Julieta (goleirão do Ginásio Clóvis Salgado), Juarez, Augusto Portela (Bode Louro), Juarez (irmão da bela Maristela), Mário (da dona Susete), Arnaldo Mororó, Júnior do Técio (da família Abreu - falecido), Cauby Júnior, Keginaldo Negreiros, Fredmar, Raimundinho Branco, Osvaldo Muiuia, Xinxéu, Barbadinho, Antônio Cordão, Pituca (Chiquinho) e, talvez, o maior deles, o Paulinho Portela, pelo menos o único que se profissionalizou.
Sem esquecer que o Augusto Portela (Bode Louro) também jogou no Parnahyba Sport Clube, como profissional. Igualmente o Seixas. O melhor time que surgiu na Quarenta foi o Flamenguinho, que tinha como craque maior o Hélio Lemos, o Ligeirinho. Depois, formado em Direito. Faleceu novo. Irmão do Dr. Cantídio Lemos, do Ribamar Lemos e da colunista social Lília Lemos (falecida).
Um episódio a registrar foi a partida entre o Ginásio Clóvis Salgado, com Kleber Montezuma, e o Colégio Estadual Lima Rebelo, uma máquina trituradora, com o Pituca, dois dos maiores craques da Quarenta se enfrentando. O time do Pituca ganhou do time do Kleber Montezuma por 7 a 1. Pituca jogava no time do Ginásio São Luiz Gonzaga e foi incentivado a se transferir para o Colégio Estadual Lima Rebelo pelo Dr. Augusto César Curicaca, justamente para reforçar no time nas Olimpíadas. Pituca foi acompanhado pelo Calinhos Surubim, irmão do Dr. Augusto César Curicaca. Atualmente, o Carlinhos Surubim mora em João Pessoa, aposentado como engenheiro mecânico.
Anos depois, a Alemanha derrota o Brasil por 7 a 1. Para se ver como o futebol é mesmo uma caixinha de surpresas.
Em 1979, morando em Teresina, soube que o Paulinho Portela jogaria no Estádio Albertão, pelo Parnaíba contra o Picos. Eu me equipei todo e fui prestigiar o amigo. Estava acompanhado pelos inseparáveis amigos da época: Renzo Ramos, Dr. José de Braga e poeta William Melo Soares, este, dos quatro mosquiteiros, o único peladeiro e entendido em futebol. O placar não decepcionou. Parnaíba ganh