A redução do consumo das famílias e as medidas restritivas resultadas da pandemia de covid-19 foram alguns desafios enfrentados por microempreendedores em 2020. No contexto, a oferta de microcrédito foi essencial para manter pequenos negócios, gerar renda e manter empregos no país. Segundo levantamento do Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene), do Banco do Nordeste, o protagonismo no microcrédito urbano, mesmo no cenário atípico, ficou com  as mulheres, que registraram R$ 7,8 bilhões em crédito com o Crediamigo em 2020, correspondente a 2,9 milhões operações.

O Crediamigo superou a marca de R$ 12,1 bilhões aplicados no ano passado, o maior valor aplicado na história do programa, em mais de 4,4 milhões de operações. O público feminino possui representatividade que chega a 65% no programa, o que denota a marcante presença de mulheres nas atividades financiadas pelo Crediamigo.

Para a superintendente de Microfinança e Agricultura Familiar do BNB, Lúcia de Fátima Barbosa, “o protagonismo feminino no Crediamigo configura um reflexo do papel de liderança que a mulher exerce em meio ao público-alvo do programa, caracterizado essencialmente pela informalidade dos micronegócios”.

Com objetivo de contribuir no desenvolvimento socioeconômico, o Crediamigo Banco do Nordeste, maior programa de microcrédito produtivo e orientado da América do Sul, atua com suporte financeiro a empreendedores individuais e grupos solidários. As atividades contam com crédito para investimento e capital de giro voltado para compra de mercadorias e reposição de estoques. Na vertente do desenvolvimento, o programa destaca-se ainda pela bancarização do seu público que, muitas vezes ausente do sistema bancário, passa a ter acesso a produtos e serviços financeiros.

Ainda segundo o Etene, dados apontam que o público mais jovem, com idade entre 18 e 24 anos, recebeu o montante de R$ 832,8 milhões, em 448 mil operações no Crediamigo. A faixa etária é um dos fatores observados na análise do Escritório, tendo em vista o suporte ao público que enfrenta maior dificuldade no acesso ao crédito e ao mercado de trabalho.

Comércio
Em 2020, a exemplo dos anos anteriores, o comércio continuou na liderança como setor que mais aportou recursos do Crediamigo, com cerca de R$ 10,7 bilhões, o equivalente a 3,8 milhões de operações. Desse montante, o público feminino contratou R$ 7,2 bilhões em 2,7 milhões de operações. O suporte financeiro foi necessário para manutenção dos pequenos negócios, com oferta de crédito para reposição e armazenamento de produtos no período de calamidade pública.

Indústria
Já a indústria, de acordo com o Etene foram registrados R$ 155 milhões em empréstimos, o correspondente a 56 mil operações. Aqui, mais uma vez o público feminino forma maioria, com contratações que ultrapassam os R$ 95 milhões, em mais de 37 mil operações.

Serviços
Os microempreendedores com atuação na área de serviços contrataram R$ 1,1 bilhão em 2020, em 492 mil operações do Crediamigo. O público masculino recebeu R$ 691,5 milhões em 284 mil operações no período. As atividades com mulheres à frente no setor aportaram R$ 484,1 milhões em 208 mil operações.