As mulheres brasileiras estão presas em um ciclo de desigualdades: acumulam mais tarefas, recebem menos e ocupam a maior parte dos empregos em tempo parcial, embora tenham mais anos de estudo que os homens, em média. A situação é mais grave entre as negras. Dois estudos realizados pelo consultor legislativo Luiz Henrique Vogel, da Câmara dos Deputados, descrevem as violências e desigualdades que atingem as mulheres e a ineficácia do Estado brasileiro para romper esse ciclo. Os estudos também destacam legislações recentes que apostam em caminhos possíveis.

Trabalho em casa sem remuneração, subemprego, tempo parcial, diferenças salariais com os homens, dupla jornada de trabalho são características que estão na base da inferiorização das mulheres na estrutura social contemporânea.

Legislação recente e projetos em discussão

A elaboração legislativa e a formulação das políticas públicas em prol das mulheres brasileiras precisam ser
pensadas e efetivamente implementadas. Qual o impacto dessas políticas na vida cotidiana das mulheres?
Essas políticas estão sendo aplicadas corretamente pelos governos e empresas públicas e privadas? Como
mensurar sua efetividade?

  • PL 1085/2023 (aprovado em 01/06/2023): estabelece mecanismos para assegurar a igualdade remuneratória entre mulheres e homens, prevendo multa e ação indenizatória em caso de discriminação salarial por motivo de sexo, raça, etnia, origem ou idade. Prevê mecanismos de transparência salarial, incremento da fiscalização e disponibilização de canais específicos para denúncias de discriminação salarial
  • Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci):

 Enfrentamento da violência contra a mulher e combate ao feminicídio
 Estímulo às políticas de segurança pública com cidadania em territórios com altos indicadores de violência e com grupos sociais mais vulneráveis
 Apoio às vítimas da criminalidade
 Combate ao racismo estrutural e a todos os crimes dele derivados
 Mudança de abordagem da segurança pública, tradicionalmente repressiva e policial

  • Lei 14.640/2023 (Escola em Tempo Integral): estabelece a oferta de educação em tempo integral para no
    mínimo 50% das escolas públicas, com objetivo de atender ao menos 25% dos estudantes em educação
    básica
  • Lei 14.457/2022 (Programa Emprega Mais Mulheres): estímulo ao cuidado com os filhos por meio da
    flexibilização do regime de trabalho, teletrabalho, compensação da jornada, assim como a suspensão do
    contrato de trabalho para qualificação profissional