Duas concessionárias de serviços públicos serão avaliadas em suas políticas de inclusão das mulheres no mercado.

O incentivo à presença de mulheres nas empresas é fundamental para diminuir a desigualdade de gênero e gerar benefícios de longo prazo para a sociedade e a economia. Com o objetivo de destacar a importância de se oferecer as mesmas oportunidades para mulheres e homens no mercado de trabalho, o Governo do Piauí assinou um protocolo com o Infra Women Brazil (IWB), grupo de networking de mulheres que trabalham no setor de infraestrutura em todo o país. A partir desse convênio, serão desenvolvidas ações dentro do Programa de Parceria Público-Privada (PPP) estadual que fortaleçam e promovam a inclusão de gênero nos projetos.

“Somos o único estado no Brasil com protocolo em execução nessa vertente”, destaca a superintendente de Parcerias e Concessões do Estado do Piauí, Viviane Moura. No estado, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a diferença de salário entre os gêneros foi de mais de R$ 300, com as mulheres ganhando menos. Apesar de representar 52,5% da população em idade para trabalhar, as mulheres eram apenas 43,7% da força de trabalho nesse mesmo período. Diante dessa realidade, a parceria entre o Infra Women e o Programa de PPP do Piauí busca incentivar uma maior e mais significativa presença da mão de obra feminina nas concessionárias de serviços públicos.

No âmbito desse convênio, duas iniciativas estão inseridas como projetos piloto: a da Nova Ceasa e o Piauí Conectado. Ambas as concessionárias possuem contrato na modalidade de Parceria Público-Privada (PPP) com o Governo do Estado para dar uma estrutura mais completa na oferta de serviços. A Nova Ceasa é a maior central de abastecimento de frutas, legumes e verduras do Piauí, e seu projeto já foi eleito um dos 15 melhores de PPP do mundo pela Comissão Econômica das Nações Unidas para a Europa (Unece).

Já o Piauí Conectado está modernizando a comunicação por meio da tecnologia, aumentando a cobertura de internet para todo o território piauiense com um projeto pioneiro no Brasil, inclusive inspirando outros estados do Nordeste a seguirem a liderança, por meio do “Nordeste Conectado”.

As ações do protocolo de inclusão de gênero nas concessionárias piauienses começam já neste início de 2021, com um levantamento de dados para gerar indicadores de como as empresas trabalham a inserção de mulheres. “Por exemplo, na Nova Ceasa, vamos verificar quantas mulheres trabalham no local e o perfil dessas mulheres, além de observarmos a política de inclusão, fortalecimento e capacitação desse grupo pela concessionária”, explica a superintendente Viviane Moura.

As concessionárias serão avaliadas com relação a pilares estratégicos. Começando com as políticas de recrutamento e contratação, a iniciativa vai observar se nas diretrizes de recursos humanos da empresa existe alguma que esteja voltada para incluir mulheres em todos os cargos. Também vai verificar se empresas contratadas para serviços terceirizados possuem essas diretrizes e sejam conscientes a respeito da inclusão de gênero. As concessionárias serão avaliadas ainda em sua política de divulgação e transparência, isto é, se a propaganda que a empresa faz está alinhada com o propósito social de inclusão.

Outros pontos da avaliação são as questões de capacitação e ascensão na hierarquia. De acordo com Isadora Cohen, presidente do Infra Women, não adianta apenas contratar as mulheres, mas também é preciso oferecer o suporte para que cresçam na empresa. “No caso do Piauí Conectado, por exemplo, que envolve tecnologia, setor tradicionalmente manipulado pelos homens. Com esse projeto verificaremos se existe na concessionária cursos de capacitação para que mulheres tenham condições iguais às dos homens de chegarem a níveis hierárquicos mais elevados dentro da empresa”, destaca Isadora.

A superintendente do Programa de PPP do Piauí complementa que sua gestão vai buscar fazer ainda mais pela causa. “Também vamos trabalhar a mudança do nosso marco regulatório, para que possamos, por meio da lei, induzir as empresas que atuarem no Programa de PPP a promover efetivamente a inclusão de mulheres tanto nas suas equipes de governança, quanto no desenvolvimento dos projetos”, reforça Viviane Moura.

Isadora Cohen destaca ainda que o trabalho com as duas concessionárias piauienses faz parte de um projeto piloto, mas a iniciativa seguirá incluindo outras empresas e expandindo o trabalho, avaliando várias concessionárias sobre essa mesma ótica. “Talvez façamos um ranking das concessionárias que possuem mais políticas de inclusão de gênero e poderemos mensurar o impacto positivo que essas políticas trazem para o negócio”, acrescenta a presidente.

O Infra Women Brazil é um grupo sem fins lucrativos dedicado à promoção e incentivo da presença de mulheres nos setores público e privado do mercado de infraestrutura. O convênio com o Programa de PPP do Piauí é apenas uma das ações do grupo, com o objetivo de compartilhar ideias e experiências para auxiliar no desenvolvimento da agenda de infraestrutura no Brasil. Fundado em 2020, o IWB reúne mais de 200 membros dos mais diversos setores do segmento de infraestrutura.