Um servidor da Assembleia Legislativa do Piauí, identificado como Raimundo Wernes Fernandes Torres Filho, a empresária Elmira Paulo Dias, além de uma professora do Instituto Federal do Piauí (IFPI) que não teve o nome revelado, foram presos nas primeiras horas da manhã dessa quinta-feira (17) durante a segunda fase da Operação Dom Casmurro. A ação foi deflagrada pela Polícia Civil do Piauí, por meio da Delegacia de Combate à Corrupção (DECCOR), em conjunto com o Ministério Público do Piauí, através do GAECO e a Promotoria de Justiça de Cocal.

O delegado Ferdinando Martins, da Delegacia de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro (DECCOR), explicou como atuavam os três principais integrantes de organização criminosa presos na 2ª fase da Operação Dom Casmurro, suspeitos de fraudar licitações, concurso públicos e de lavagem de dinheiro.

O servidor da Assembleia Legislativa do Piauí e também um dos proprietários do Instituto Machado de Assis, Raimundo Wernes Fernandes Torres Filho, era o “líder político” da quadrilha. “O servidor era o líder político do grupo, ele era responsável por formar contatos com gestores e prefeitos interessados em concurso público. Ele, usando dessa capilaridade dentro do órgão do qual trabalhava, formava esse capital político e essa força”, afirmou o Delegado.

Ainda de acordo com o delegado, Raimundo também participava de algumas licitações representando as empresas (Instituto Machado de Assis e Crescer Consultorias), que inicialmente estavam no nome de laranjas e a partir de 2019 passaram para o nome dele.

Em relação a empresária Elmira Paulo Dias, Ferdinando relatou que ela era a responsável pela parte pedagógica. “Ela participava recrutando professores, elaborando questões de concurso, conseguia cuidar da parte pedagógica e administrativa do grupo, mantendo pagamento de aluguéis das empresas, formando educadores e orientado atividades dos demais colaboradores”, especificou.

Já a professora do IFPI, Rosimeyre Vieira da Silva, foi apontada pela polícia como a responsável pela parte logística da aplicação das provas. “A investigação apontou ainda que ela era remunerada a partir das contas do esposo, porque ela buscava se desvincular de maneira formal da atividade empresarial das duas empresas, mas ela fazia esse trabalho nos bastidores sob ordem de Elmira e também participava de provas e aplicações e as vezes dialogava com gestores dependendo da necessidade”, completou o delegado.

O esposo de Rosimeyre foi indiciado por lavagem de dinheiro por ter colaborado com a ocultação dos valores que ele recebia e que estavam sendo direcionados para a esposa.

O delegado relatou ainda que o grupo operava grandes quantias em espécie, o que chamou atenção dos investigadores. “O que chamou atenção foi eles operarem elevadas quantias em espécie, vários saques das contas das duas empresas em espécie, tudo isso ocultado dos órgãos de controle, da Receita Federal, a investigada principal, Elmira, formou considerável patrimônio e nada declarado na Receita, tudo ocultado porque ela usava as contas da avó, mãe, de parentes para ocultar essa movimentação bancária”, declarou.

“A investigação apontou que os três principais líderes da organização foram os maiores beneficiários de recursos. Dos três principais líderes nós conseguimos rastrear pouco mais de R$ 8 milhões em 6 anos”, afirmou o delegado.

O servidor da Alepi e a empresária foram presos em Teresina e são considerados os líderes do esquema criminoso. Já a professora foi presa em Simões. Os três citados se juntam a outras cinco pessoas que também foram presas e fazem parte de um grupo voltado para fraudar procedimentos licitatórios e concursos públicos, onde figuram como beneficiadas as empresas Instituto Machado de Assis e Crescer Consultorias.

De acordo com a Polícia Civil e o Ministério Público, a ação desta quinta teve como objetivo o cumprimento de mandados de prisão preventiva expedidos contra empresários, servidores públicos e demais integrantes do grupo criminoso que dirigia as empresas Instituto Machado de Assis e Crescer Consultorias acusados de crimes de lavagem de dinheiro, organização criminosa e fraude em licitações.

Foram presos: Raimundo Wernes Fernandes Torres Filho, servidor da Alepi; Elmira Paulo Dias (empresária); Elza de Paula Dias Rodrigues; Heldiane de Paula Dias; Ailton Medeiros Rodrigues (todos pertencem ao quadro do Instituto Machado de Assis); Ayrton Medeiros Rodrigues, sócio da Crescer Consultorias; Marlen Oliveira Lopes Lemos; Rosimeyre Vieira da Silva, professora do IFPI;

Uma nona pessoa, identificada como Carlos Henrique Pereira Barbosa, também possui mandado de prisão preventiva e encontra-se foragida.

Ao final do inquérito produzido pela Polícia Civil, o Ministério Público do Piauí ofereceu denúncia à Justiça contra 13 investigados na Operação Dom Casmurro. Dentre eles, os nove alvos já citados no rol de investigados alvos de mandados de prisão preventiva e outras quatro pessoas: Andreia Virginia da Rocha Val (ex-assessora jurídica da Prefeitura de Cocal); Regis Vieira de Brito (servidor da Prefeitura de Cocal); Kylvia Maria Sousa Herculano (controladora adjunta da Prefeitura de Cocal); Genário Benedito dos Reis (auxiliar administrativo da Secretaria de Administração de Cocal).