Câmara aprova urgência projeto que suspende reajustes de energia

 Câmara aprova urgência projeto que suspende reajustes de energia

Plenário da Câmara dos Deputados

Câmara pode acelerar votação de texto que suspende reajuste

A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (3) por 410 votos a 11 e uma abstenção requerimento de urgência para a tramitação de um projeto que estabelece a suspensão dos reajustes nas contas de luz que vêm sendo sucessivamente aprovados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

A urgência foi pautada pelo presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL). A aprovação da urgência dispensa a discussão nas comissões da Câmara. Com isso, o projeto vai diretamente para o plenário, mas ainda não há data para a votação.

O projeto suspende especificamente os efeitos de uma decisão da Aneel em relação ao reajuste no Ceará. Mas, segundo Lira, embora a discussão tenha sido levantada por um parlamentar do Ceará, a intenção é ampliar os debates sobre o tema para outros estados.

“O projeto vai trazer a discussão para a causa da urgência, para a anulação dos atos em geral. Não se trata só do Ceará não”, disse o presidente da Câmara.

A Aneel autorizou o reajuste tarifário anual proposto pela Enel Distribuição Ceará, a concessionária de energia elétrica do estado, em 23,99% para consumidores residenciais.

Somado a outras unidades consumidoras, a conta de energia no estado vai subir, em média, 24,88% para os consumidores, maior reajuste tarifário de energia elétrica do país.

A Enel responde por aproximadamente 3,8 milhões de unidades consumidoras no Estado.

O reajuste fez com que o Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Decon) abrisse um procedimento administrativo contra a concessionária.

Na ação, o Decon solicitou que a Enel justifique quais foram os critérios utilizados para que se chegasse ao valor reajustado.

O presidente da Câmara seguiu a mesma linha. Em declaração a jornalistas nesta terça (3) disse que a intenção é chamar o Ministério de Minas e Energia e a Aneel para explicar os reajustes autorizados.

A Aneel informou que está “disponível para prestar todos os esclarecimentos necessários sobre o processo de cálculo do reajuste tarifário citado”.

“A discussão da votação da urgência do projeto forçará o Ministério de Minas e Energia, a Aneel e a todos os envolvidos a virem para a mesa de negociações para que este aumento seja pelo menos esclarecido. A responsabilidade de quem deu, por que deu, que cláusulas contratuais permitiram que esses aumentos fossem feitos”, afirmou Lira.

O presidente da Câmara disse que antes da análise do mérito do projeto vai convocar a Aneel para discutir o texto.

A proposta de suspensão do reajuste tarifário foi apresentada pelo deputado Domingos Neto (PSD-CE).

Na justificativa, ele afirma que o aumento aprovado pela Aneel é um “exemplo claro do descolamento entre os percentuais de aumentos concedidos” e “está em descompasso com a realidade socioeconômica brasileira”.

“Fato é que, de maneira geral, os consumidores brasileiros têm arcado com custos de energia elétrica cada vez mais crescentes e que, no caso dos consumidores residenciais, muitas vezes excedem sobremaneira sua capacidade de pagamento”, afirmou na justificativa.

Em abril, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), vinculado ao Ministério de Minas e Energia (MME), anunciou que o fim da bandeira tarifária ‘escassez hídrica’, que entrou em vigor em 16 de abril, traria uma redução de 20% na conta de luz do consumidor residencial. A bandeira que passou a vigorar foi a verde, sem cobrança adicional.

Faltou explicar, no entanto, que as principais distribuidoras devem passar por reajustes tarifários nos próximos meses e que, dessa forma, o benefício obtido com a mudança da bandeira tarifária deve ser diluído ao longo do ano.

A consultoria PSR, por exemplo, estima um reajuste tarifário de 15% e prevê uma queda na conta de luz de 6,5% Já um exercício realizado pela TR Soluções mostra que, com a mudança da bandeira, a conta deve ter uma redução média imediata de 12,5% – mas, até o final do ano, vai ficar 6,09% mais cara.

As projeções para o impacto na conta de energia destoam porque o cenário para a bandeira tarifária varia entre as empresas.

A PSR prevê bandeira verde até o fim do ano; a TR Soluções avalia que a bandeira amarela deve vigorar por alguns meses no segundo semestre.

Os reajustes tarifários são definidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e estão influenciados pela alta da inflação, atualmente em dois dígitos.

Fonte G1

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