Principais desafios na saúde nos próximos quatro anos

 Principais desafios na saúde nos próximos quatro anos

Pesquisa revela que brasileiros consideram essa área como prioridade na hora do voto, a diretora-técnica da QGA explica a importância de reavaliar as “prioridades em saúde pública”.

Com o encerramento próximo de mais um exercício eleitoral, surge uma série de dúvidas sobre as demandas existentes para os próximos quatro anos de Governo e a área da saúde é uma das mais questionadas. Isso porque, segundo uma pesquisa do instituto Datafolha, o setor da saúde é extremamente relevante para os brasileiros no momento de votar para presidente, principalmente, porque a maioria da população depende unicamente do Sistema Único de Saúde (SUS).

Pensando nisso, a Dra. Melissa Morais, diretora-técnica da Quality Global Alliance (QGA), analisou a situação atual do setor e elencou alguns desafios que demandam atenção nos próximos anos para que a área da saúde avance e atenda de forma igualitária e acessível à população.

De antemão, ela explicou que o ponto mais carente atualmente – e ao longo dos últimos anos – tem sido a atenção à saúde básica. Inclusive, conforme o Portal da Transparência do Governo Federal, enquanto são destinados cerca de 70 bilhões para o atendimento de urgência (hospitalar), a atenção primária e de prevenção recebe aproximadamente 33 bilhões, quase 50% do valor.

“Precisamos de investimento direcionado, olhando para as prioridades em saúde pública. Promover a transformação do modelo de assistência hospitalocêntrico – aquele que é focado nos cuidados da saúde em hospitais – em um modelo de promoção e prevenção”, explicou a especialista.

Quando a Dra. Melissa fala sobre direcionamento, ela se refere aos programas de vacinação, qualidade de vida e incentivo à saúde primária, como a Farmácia Popular, programa de distribuição gratuita de medicamentos para controlar doenças crônicas  que tem sofrido sucessivos cortes de verbas nos últimos anos. Na proposta orçamentária de 2023, é sugerido um corte de 59% no programa.

A diretora-técnica explicou que priorizar projetos como esses é necessário para que seja possível diminuir a quantidade de pessoas com agravos de doenças no país, uma vez que tratar doenças é muito mais caro do que prevenir agravos à saúde. Para exemplificar essa situação, é possível analisar os custos de cada etapa de tratamento do câncer de mama.

Segundo o artigo a “Jornada da paciente e levantamento dos custos do acompanhamento do câncer de mama inicial e metastático no Sistema Único de Saúde (SUS)”, realizada na LitHealth, o custo dos três primeiros anos da doença, ao ser identificada no estágio I, é de R$ 73.718,24, enquanto realizar o acompanhamento no estágio III custa cerca de R$ 169.362,38. Já o tratamento do câncer metastático requer R$ 380.817,01.

“Nós ainda não entendemos, dentro da distribuição dos recursos públicos, a saúde como uma prioridade. Quando comparamos o percentual do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil, que é destinado à saúde, com o de outros países do mundo, identificamos um valor muito inferior”, expôs a diretora-técnica.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a média mundial do percentual do PIB destinado à saúde é de 6,08%. Enquanto países como a França e Espanha investem 9,04% e 7,08%, o Brasil destina 4,32%.

Vale destacar que esse valor não é custeado integralmente pelo governo, pois no Brasil, a população paga 47,5%, enquanto o poder público arca com 52,5%. “Grande parte desse valor é investido pelos compradores de planos de saúde, das pessoas que utilizam a saúde suplementar e não exclusivamente o SUS”, comentou.

E como é possível mudar esse cenário? Conforme a Dra. Melissa, é preciso trabalhar de forma efetiva as políticas públicas de saúde, olhando para as necessidades da população e reconstruindo o sistema tripartite que é a base do SUS e ficou desestabilizado com a pandemia do COVID-19.

“Nosso sistema não é perfeito, mas é o melhor que temos e é muito admirado fora do país. Precisamos dar atenção devida ao SUS, replanejar as prioridades, trabalhar pelo financiamento adequado para essas prioridades e retomar o trabalho em conjunto entre as três esferas de governo que são a base de formação do Sistema Único de Saúde”, finalizou.

SOBRE A QGA

A Quality Global Alliance (QGA) é cocriadora da maior e mais inovadora Aliança Global para o desenvolvimento e a implementação de padrões mundiais de excelência em saúde com foco no paciente, a Health Standards Organization (HSO). Estão estruturados para trazer ainda mais valor para as organizações e, de agora em diante, Accreditation Canada, Institute for Quality Management in Healthcare, Health Assessment Europe, Qualicor Europe/Holanda e QGA são um só. São membros da Sociedade Internacional pela Qualidade em Cuidados da Saúde (ISQua) que tem o objetivo de promover a melhoria da qualidade nos cuidados de saúde, instituições acreditadoras e acreditadas.

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