Governo federal pode destruir 6 milhões de testes e o Piauí deve gastar mais 14 milhões para compra de testes da covid-19

 Governo federal pode destruir 6 milhões de testes e o Piauí deve gastar mais 14 milhões para compra de testes da covid-19

Ministério da Saúde pode descartar 6,8 milhões de testes de covid-19, enquanto a o governo do Piauí faz licitação de R$ 14 milhões para comprar novos testes.

Os testes RT-PCR foram distribuídos pelo Ministério da Saúde de forma escassa. O Piauí foi o 22º estado em quantidade de testes recebidos do governo federal para diagnosticar a contaminação pelo nova coronavirus. Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná foram os estados que mais receberam.

Há risco de perda de 6,86 milhões de testes para diagnósticos de covid-19. Os testes comprados pelo Ministério da Saúde perde a validade de dezembro deste ano a janeiro de 2021. A informação foi publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo de domingo (22).

Esse número corresponde a 96% dos 7,15 milhões de exames estocados. O restante vence em março.

Os exames RT-PCR estão sendo armazenados pelo governo federal em Guarulhos, na Grande São Paulo, e ainda não foram distribuídos para a rede pública. O Brasil pode acabar descartando mais exames do que já realizou até agora porque o SUS aplicou 5 milhões de testes desse tipo. O Ministério da Saúde investiu R$ 764,5 milhões em testes e as unidades que estão quase perdendo a validade custaram R$ 290 milhões.

A compra é realizada pelo governo federal e a distribuição é feita só com a demanda dos governadores e prefeitos. Por essa razão, a responsabilidade pelo prejuízo, se os testes vencerem sem serem usados, virou 1 jogo de empurra entre o ministério, Estados e municípios. Enquanto o governo federal afirma que sua parte se resume a comprar, os outros dizem que o material fornecido é incompleto por faltar capacidade para processamento das amostras.

O RT-PCR é considerado o padrão-ouro para o diagnóstico da covid-19. A coleta é realizada por meio de 1 cotonete aplicado na região nasal e faríngea (região da garante atrás do nariz e da boca) do paciente. O exame custa de R$ 290 a R$ 400 na rede privada.

As informações sobre o prazo de validade dos testes em estoque estão registrados em documentos internos do ministério, com compilação de dados até 5ª feira (19.nov.2020), segundo a reportagem. O ministério já solicitou ao fabricante análise para alongar o prazo de validade dos produtos. Mas, deve continuar 1 dos problemas que travam o fluxo de distribuição, a falta de outros componentes para realizar testes.

A pasta afirma que só entrega os testes quando os Estados pedem e nem as 8 mi de unidades já repassadas foram totalmente consumidas. Secretários estaduais e municipais de Saúde dizem não usarem todos os testes porque receberam kits incompletos para o diagnóstico, com número reduzido de reagentes usados na extração do RNA, tubos de laboratório e cotonetes para coletar amostras. Além disso, veem dificuldade em processar amostras e isso atrapalha o repasse dos produtos, porque as prefeituras, em especial, não têm como armazenar grandes quantidades.

O ministério lançou duas vezes o programa Diagnosticar para Cuidar, que previa 24,2 milhões de exames no SUS até dezembro. Só 20% foram feitos. A pasta também prometeu insumos para entregar kits completos, mas isso foi travado por suspeita de irregularidades, atualmente sob análise do TCU (Tribunal de Contas da União).

Com meta de atingir 115 mil testes por dia no SUS, o ministério registrou em outubro média de 27,3 mil na rede pública, número menor ao dos 2 meses anteriores.

O ministro da saúde Eduardo Pazuello já afirmou a auxiliares que há testes suficientes nas mãos de Estados e municípios. A cúpula da pasta acredita que as amostras excedentes podem ser enviadas a centros equipados pelo ministério, como o da Fiocruz em Fortaleza. Gestores da Saúde dizem que o diagnóstico pode ser feito pelo próprio médico, o que tornaria o RT-PCR menos importante.

Mas especialistas dizem que o teste não serve só para diagnóstico e é essencial na interrupção de cadeias de infecção. “A vantagem da Europa, agora, é que aumentou tanto a capacidade de testagem que é possível detectar casos leves”, diz o vice-diretor da Opas (Organização Pan-Americana de Saúde), Jarbas Barbosa. Para ele, o número de diagnósticos positivos da covid-19 é 1 bom indicador para avaliar se o país testa pouco. Se for acima de 5%, é sinal de que os testes são insuficientes. No Brasil, cerca de 30% dos exames RT-PCR no SUS deram positivo.

Também é visto desequilíbrio na entrega de reagentes de extração do RNA. Dos 3, 20% foram enviados a Minas Gerais. O Amazonas recebeu menos de 1% do total. Sem detalhar, o ministério diz que entrega todos os insumos de acordo com a demanda e capacidade de armazenamento dos Estados. Ao Estadão, o médico e doutorando na Universidade de Oxford, no Reino Unido, Ricardo Parolin ressaltou que a mistura de modelos de exame dificulta análises sobre a pandemia da covid-19 no Brasil. “Cada governante fez uma coisa. Decidiram oferecer testes sem planejamento ou avaliação da função daquele produto”, afirma ele.

No Piauí, esta semana a Secretaria Estadual de Saúde do Piauí anunciou uma licitação milionária para a compra de testes rápidos da Covid-19. O pregão eletrônico 40/2020 prevê um limite de, até, 200 mil testes da Covid-19, a um custo estimado de R$ 14 milhões.

A SESAPI não é obrigada a adquirir todos os testes. A abertura das propostas será no dia 01/12/2020. Mais informações abaixo:

Endereço Eletrônico: https://www.licitacoes-e.com.br
Início do Acolhimento das propostas: 19/11/2020 às 9h00min;
Limite do Acolhimento de propostas: 01/12/2020 às 9h00min;
Abertura das Propostas de Preços: 01/12/2020 às 9h00min;
Início da Sessão de Disputa de Preços: 02/12/2020 às 9h00min;
Local: Endereço: Av. Pedro Freitas, s/nº, bloco A, Centro Administrativo, TeresinaPI, CEP 64.018-900, Comissão Permanente de Licitação – CPL/SESAPI.
INFORMAÇÕES: cplsaude@saude.pi.gov.br, Telefone: (86) 3216-3604,
Referência de Tempo: Para todas as referências de tempo serão obrigatoriamente
 o horário de Brasília-DF.

EFICÁCIA PREJUDICADA

É preciso tomar cuidados especiais para a preservação do teste de diagnóstico da covid-19. Pequenas alterações de temperatura no armazenamento podem alterar o resultado do exame. “Quando o kit passa do vencimento, as enzimas podem perder sua eficiência. Para 1 contexto de diagnóstico, pode acabar levando a variações no resultado final”, afirma ao Estadão Mellanie Fontes-Dutra, pós-doutoranda em Bioquímica na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). “Vejo com muita preocupação a possibilidade de estender os kits para além do prazo de validade”, diz.

A pesquisadora afirma que seria bom confirmar que os exames podem ser usados por mais tempo, desde que mantenham a qualidade. “Testamos muito pouco. Se der certo e não modificar a eficiência dos kits, pode ser bom”, disse.

Procurada pelo Estado de S. Paulo, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) não forneceu detalhes sobre como pode ser renovada a validade do produto, mas disse que a entrega de testes vencidos é uma infração sanitária.

O Ministério da Saúde afirmou que a Opas está realizando estudo “para verificar a estabilidade de utilização dos testes” e que o resultado da análise deve sair na próxima semana. Os testes foram comprados pelo governo federal através da organização. Questionado sobre o que fará para entregar os testes antes de perderem a validade, só declarou que distribui os exames a partir de demandas dos Estados.

TESTES DISTRIBUÍDOS

Testes para detectar covid-19 enviados aos Estados e ao exterior:

O Brasil também enviou ao Paraguai e ao Peru 130 mil exames. Esse número é praticamente igual ao entregue ao Amazonas, que viveu uma tragédia no início da pandemia. Outros 8 Estados receberam do ministério uma quantidade menor de testes do que os países vizinhos.

Fonte: Poder360

 

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