Deputado Limma diz que o Piauí não tem produção familiar de cajuina com certificação

 Deputado Limma diz que o Piauí não tem produção familiar de cajuina com certificação

A afirmação foi feita na Audiência Pública sobre valorização comercial dos produtos da cajucultura

A Assembleia Legislativa do Piauí (Alepi) realizou na manhã desta segunda-feira (25) audiência pública para debater a cadeia produtiva, beneficiamento e apoio aos produtores de caju do estado. A iniciativa partiu da deputada Elisângela Moura (PCdoB) e ocorreu dentro da Comissão de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento (CAPD), presidida por João Mádison (MDB).

Elisângela Moura mostrou que o Piauí é o segundo maior produtor de caju do Brasil, ficando atrás apenas do Ceará, possuindo cerca de 70 mil hectares cultivados. No entanto, ela explicou que o estado não possui infraestrutura para um melhor beneficiamento e distribuição da produção, sendo necessários investimentos em tecnologias e em divulgação.

Durante a audiência pública também foi discutido sobre quais motivos têm dificultado a comercialização. Um dos pontos mais debatidos foi a falta de certificação da cajuína, pois isso impossibilita a venda do produto. O Deputado estadual Francisco Limma(PT) admitiu que o Piauí não tem unidade de produção familiar de cajuína certificada.

Representantes do Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural também estiveram na audiência.

Naldo Andrade, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Pio IX, explicou que há bastante produção de caju, que os agricultores têm bastante conhecimento das etapas entre o plantio e a colheita, mas que ainda falta compreender melhor a comercialização.

Em Pio IX, conforme o presidente do Sindicato, são 24 mil hectares plantados e eles têm colhido, em setembro de 2023, um milhão de quilos por semana; no entanto, a produção tem aumentado, mas a agroindústria deles ainda é de 2010. Conforme Naldo Andrade, a superprodução, combinada com a pouca comercialização, tem resultado em preços muito baixos, como 20 quilos do fruto, por exemplo, chegando a ser negociado por R$ 5 .

Fábio Abreu, secretário estadual da Assistência Técnica e Defesa Agropecuária (Sada), adiantou que “estamos aqui juntos com o Ministério da Agricultura pleiteando que a nossa Adapi faça a certificação de produtos de origem vegetal e vamos iniciar pela cajuína”. De acordo com o gestor, esse processo poderia ser agilizado, uma vez que a Adapi (Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Piauí) possui representantes em quase todos os municípios, enquanto o Ministério da Agricultura enfrenta dificuldades pelo reduzido efetivo que mantém no Piauí.

Além dos órgãos estaduais também estiveram presentes na audiência represetando o Ministério da Agricultura e Pecuária, através do seu superintendente no Piauí, Marco Maia.  Marco Maia lembrou da importância da certificação e do atendimento às normas do ministério para registro dos produtos e frisou a necessidade de quebrar a ideia de que o ministério apenas fiscaliza, cobra, autua, a superintendência está de portas abertas para receber qualquer produtor que necessite de orientação quanto aos procedimentos necessarios à regularização. O superintendente convidou a todos a conhecerem mais a fundo todas as possibilidades que o Ministério disponibiliza. “Isso para produtores, prefeituras, secretarias de estado, sempre através de projetos que podem ser apresentados através da divisão de Desenvolvimento Rural”, explicou Marco Maia.

Francisco Limma ampliou o debate, dizendo que os produtores devem se ater também à qualidade do fruto, pois a aparência e o sabor são importantes para a comercialização. “Uma boa parte [da perda dos frutos] tem a ver com qualidade. Ou porque não são plantas, variedades, direcionadas para a produção de suco, ou porque tem uma danificação do pedúnculo por conta do ataque de oídio e de antracnose. E fica aquele fruto feio, rajado, grosso e com pouca concentração de suco. Assim a agroindústria não vai comprar o fruto e nem o supermercado”.

A secretária de estado da Agricultura Familiar, Rejane Tavares, disse que o Governo do Estado está ciente de que é preciso melhorar a infraestrutura de beneficiamento e de distribuição do caju. Ela mostrou, também, que algumas medidas já estão sendo adotadas, como distribuição de mudas, que pode chegar a 350 mil em 2024, o trabalho para a certificação da cajuína da agricultura familiar, a possibilidade de incluir o suco do fruto na merenda escolar e a estruturação de campanha publicitária sobre o caju e seus derivados.

Diversas outras instituições e órgãos estiveram representados na audiência pública, como Banco do Nordeste, Fetag-PI (Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares), Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba).

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado.