Maia diz que MP comete excessos e é o órgão público “mais frágil de autocontrole”

 Maia diz que MP comete excessos e é o órgão público “mais frágil de autocontrole”

Deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ)

Investigado pela PGR, presidente da Câmara diz que legislação para controlar procuradores é falha e que corporativismo precisa ser combatido

Investigado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-DF), criticou, em entrevista ao Metrópoles, a postura de juízes e procuradores na condução da Operação Lava Jato e afirmou que o corporativismo precisa ser combatido.

“A Lava Jato teria cumprido um papel apenas positivo para o Brasil. Mas, em determinado momento, a ânsia por poder desses procuradores e de alguns juízes acabou gerando um excesso para perpetuação do poder deles no cenário nacional brasileiro”, afirmou (confira a partir de 0’47’’).

Maia disse que há poucos meios para punir integrantes do Poder Judiciário. “Quem investiga? Eu acho que a procuradoria é o sistema mais frágil de autocontrole que tem nas instituições e órgãos públicos brasileiros. O CNMP [Conselho Nacional do MP] agora até melhorou um pouco, mas é o órgão que menos pune, menos que o CNJ [Conselho Nacional de Justiça]. A investigação é sempre muito frágil, sem controle. Acho que essa discussão sobre quem controla os procuradores é muito importante. Eles conseguem um nível de apoio entre si que ninguém é investigado. Quando um tem problema, transfere, aposenta, mais até do que os juízes”, disse (1’22’’).

Veja a segunda parte do Metrópoles Entrevista com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia:

Em outubro de 2020, o procurador-geral da República, Augusto Aras, reabriu investigação contra Maia para apurar acusação sobre supostos pagamentos irregulares da empreiteira OAS ao presidente da Câmara., em entrevista nesta segunda-feira (11/1) Maia negou que o endurecimento das críticas ao presidente da República, Jair Bolsonaro, tenha relação com a decisão da PGR.

De acordo com Maia, o tom mais elevado nos posicionamentos contrários ao Planalto deve-se à postura do presidente diante da pandemia do novo coronavírus. “Qualquer um de nós tem sentimento de indignação”, afirmou após citar a expansão dos números de Covid-19 no país e a ausência de um plano de vacinação.

Sobre a possível relação de Bolsonaro com a decisão de Aras de reabrir o inquérito, disse: “Não acredito que o doutor Aras tenha feito isso a pedido do presidente da República. Se eu tivesse alguma informação concreta de vinculação, já teria feito a denúncia”.

No trecho da entrevista publicada nessa segunda-feira (11/1), Maia afirmou que a demora do governo federal para comprar doses de vacina contra a Covid-19 e definir um plano de imunização “pode gerar processo de impeachment em poucos meses”.

“A questão da vacina está começando a transbordar para dentro do Parlamento uma pressão que a sociedade poucas vezes fez nos últimos anos”, afirmou. “Talvez ele [Bolsonaro] sofra um processo de impeachment muito duro se não se organizar rapidamente. Porque o processo de impeachment é resultado da pressão da sociedade”.

Maia, no entanto, descartou que vá, ele mesmo, encaminhar a abertura de um processo de impeachment em seus últimos dias de gestão: “Estamos em recesso, não vai ajudar agora. Vou apenas criar desorganização em um momento em que se está elegendo um novo presidente. Acho que esse papel cabe ao novo presidente”.

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