Piauí precisa qualificar 47 mil trabalhadores para indústrias até 2025
25 de maio é celebrado o dia da Indústria e nesta data o presidente da Federação das Indústria do Piauí Antônio José de Moraes Souza Filho diz que parabeniza os industrias e industriários mas lamenta a falta de estrutura para que o Estado possa abrigar novas empresas do segmento.
Segundo Zé Filho, a falta de energia eficaz e de legislação adequada para a atual realidade do Piauí, que o torne competitivo pelo menos com os demais Estados do nordeste, são os principais entraves para o desenvolvimento do segmento industrial.
Zé Filho acrescenta também que os desvios de finalidade de programas como o Fundo de Amparo ao Trabalhador-FAT e Pronatec e, ainda, especificamente no Piauí, a falta de cumprimento do Fundo da Indústria contribuem muito para que ainda tenhamos demanda reprimida de qualificação profissional.
Até 2025, o Piauí precisará qualificar 47,7 mil pessoas em ocupações industriais, sendo 12,4 mil em formação inicial – para repor inativos e preencher novas vagas – e mais de 35,2 mil em formação continuada, para trabalhadores que devem se atualizar. Há necessidade de formação de cerca de 74% serão em aperfeiçoamento. As ocupações industriais são aquelas que requerem conhecimentos tipicamente relacionados à produção industrial, mas estão presentes também em outros setores da economia.
O mercado de trabalho passa por uma transformação, ocasionada principalmente pelo uso de novas tecnologias e mudanças na cadeia produtiva; e, cada vez mais, o Brasil precisará investir em aperfeiçoamento e requalificação para que os profissionais estejam atualizados.
Em todo o país, a demanda é de 9,6 milhões de trabalhadores qualificados. Os dados e a avaliação são do Mapa do Trabalho Industrial 2022-2025, estudo realizado pelo Observatório Nacional da Indústria para identificar demandas futuras por mão de obra e orientar a formação profissional de base industrial no país.
A demanda por formação no estado por nível de qualificação será de:
Nível de qualificação | Demanda |
Qualificação (menos de 200 horas) | 26.113 |
Qualificação (mais de 200 horas) | 9.914 |
Técnico | 2.782 |
Superior | 8.971 |
TOTAL | 47.780 |
Em volume, ainda prevalecem as ocupações de nível de qualificação, que respondem por 74% do emprego industrial no Brasil hoje. Contudo, chama atenção o crescimento das ocupações de nível técnico e superior, que deve seguir como uma tendência. Isso ocorre por conta das mudanças organizacionais e tecnológicas, que fazem com que as empresas busquem profissionais de maior nível de formação, que saibam executar tarefas e resolver problemas mais complexos.
As áreas com maior demanda por formação são: Construção, Transversais, Logística e Transporte, Metalmecânica, e Têxtil e Vestuário. As ocupações transversais são aquelas que permitem ao profissional atuar em diferentes áreas, como técnico em Segurança do Trabalho, técnico de Apoio em Pesquisa e Desenvolvimento e profissionais da Metrologia, por exemplo.
Estudo avalia estimativas e cenário político, econômico, tecnológico e de emprego
O SENAI é a principal instituição formadora em ocupações industriais no país. Para subsidiar a oferta de cursos, em sintonia com as demandas por mão de obra do setor produtivo, o Observatório Nacional da Indústria desenvolveu a metodologia do Mapa do Trabalho Industrial, referência no Brasil. O estudo é uma projeção do emprego setorial que considera o contexto econômico, político e tecnológico. Um dos diferenciais é a projeção da demanda por formação a partir do emprego estimado para os próximos anos.
Para esse cálculo, são levadas em conta as estimativas das taxas de difusão das novas tecnologias nas empresas e das mudanças organizacionais nas cadeias produtivas, que orientam o cálculo da demanda por aperfeiçoamento, e uma análise da trajetória ocupacional dos trabalhadores no mercado de trabalho formal, que subsidiam o cálculo da formação inicial. Um trabalho de inteligência de dados e prospectiva que deve subsidiar ações e políticas de emprego e educação profissional.
O estudo agrupa as ocupações industriais em 25 áreas. Abaixo, as que mais precisarão formar até 2025:
Áreas com maior demanda por formação (inicial + continuada) | |
Área | Demanda |
Construção | 12.473 |
Transversais | 5.688 |
Logística e Transporte | 5.566 |
Metalmecânica | 5.430 |
Têxtil e Vestuário | 4.101 |
Alimentos e Bebidas | 3.112 |
Automotiva | 1.761 |
Tecnologia da Informação | 1.482 |
Eletroeletrônica | 1.352 |
Gestão | 1.272 |
Abaixo, as ocupações com maior demanda por formação, agrupadas por nível de qualificação: superior, técnico, qualificação mais de 200 horas e qualificação menos de 200 horas:
SUPERIOR | ||
Voltados para quem tem o ensino médio completo ou equivalente, visam a formação de um bacharel ou licenciado. São de longa duração, com carga horária mínima de 2.400 horas, sendo que algumas chegam a 7.200 horas.
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Ocupação | Demanda em formação inicial |
Demanda em aperfeiçoamento |
Analistas de tecnologia da informação | 90 | 482 |
Gerentes administrativos, financeiros, de riscos e afins | 72 | 311 |
Engenheiros civis e afins | 80 | 269 |
Gerentes de comercialização, marketing e comunicação | 35 | 195 |
Gerentes de produção e operações em empresa da indústria extrativa, de transformação e de serviços de utilidade pública | 34 | 171 |
TÉCNICO | ||
Cursos técnicos têm carga horária entre 800h e 1.200h (cerca de 1 ano e 6 meses) e são destinados a alunos matriculados ou egressos do ensino médio.
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Ocupação | Demanda em formação inicial |
Demanda em aperfeiçoamento |
Coloristas | 615 | 902 |
Técnicos em operação e monitoração de computadores | 144 | 409 |
Técnicos em eletrônica | 156 | 308 |
Técnicos de controle da produção | 91 | 369 |
Técnicos em eletricidade e eletrotécnica | 68 | 375 |
QUALIFICAÇÃO + DE 200 HORAS | ||
Os cursos de qualificação são indicados a jovens e profissionais que buscam desenvolver novas competências e capacidades profissionais para a inserção em uma ocupação. Esses cursos não demandam um nível de escolaridade específico. Ao final, o aluno recebe um certificado de conclusão.
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Ocupação | Demanda em formação inicial |
Demanda em aperfeiçoamento |
Operadores de máquinas para costura de peças do vestuário | 285 | 1.083 |
Padeiros, confeiteiros e afins | 259 | 926 |
Mecânicos de manutenção de veículos automotores | 464 | 559 |
Trabalhadores de instalações elétricas | 237 | 666 |
Mecânicos de manutenção de máquinas industriais | 248 | 404 |
QUALIFICAÇÃO – DE 200 HORAS | ||
Os cursos de qualificação são indicados a jovens e profissionais que buscam desenvolver novas competências e capacidades profissionais para a inserção em uma ocupação. Esses cursos não demandam um nível de escolaridade específico. Ao final, o aluno recebe um certificado de conclusão.
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Ocupação | Demanda em formação inicial |
Demanda em aperfeiçoamento |
Ajudantes de obras civis | 1.933 | 2.610 |
Motoristas de veículos de cargas em geral | 471 | 2.509 |
Trabalhadores de estruturas de alvenaria | 1.013 | 1.461 |
Alimentadores de linhas de produção | 1.794 | 470 |
Trabalhadores de embalagem e de etiquetagem | 621 | 736 |
Aprendizagem ao longo da vida para driblar desemprego e aumentar produtividade
O diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Rafael Lucchesi, reconhece que a recuperação do mercado formal de trabalho será lenta em razão da retomada gradual das atividades econômicas no pós-pandemia. Para melhorar o nível e a qualidade do emprego e contribuir para o progresso tecnológico e aumento da produtividade nas empresas, será indispensável priorizar o aperfeiçoamento de quem está empregado e de quem busca novas oportunidades.
“Estamos diante de um cenário de baixo crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), reformas estruturais paradas, como a tributária, eleições e altos índices de desemprego e informalidade. Nesse contexto, o Mapa surge para que possamos entender as transformações do mercado de trabalho e incentivar as pessoas a buscarem qualificação onde haverá emprego. E essa qualificação será recorrente ao longo da trajetória profissional. Quem parar de estudar, vai ficar para trás”, avalia.
Com informações da CNI